Israel e o Plano da Redenção
Desde o início, Israel foi escolhido por Deus para ser um canal de bênçãos para todas as nações. Em Gênesis 12:3, Deus promete a Abraão: "Em ti serão benditas todas as famílias da terra". Este versículo estabelece Israel como a nação através da qual a redenção divina se manifestaria ao mundo. Israel recebeu a Lei, os Profetas e, eventualmente, o Messias – Jesus Cristo, que é a culminação e cumprimento da promessa de redenção.
Os eventos centrais da redenção – a encarnação, morte e ressurreição de Jesus – ocorreram em Israel. Jesus, sendo judeu, ministrou principalmente entre o povo de Israel, e seus primeiros seguidores eram judeus. A Igreja primitiva, embora tenha se expandido para incluir gentios, começou com judeus que reconheceram Jesus como o Messias prometido.
Israel como o Relógio Escatológico de Deus
A história de Israel é frequentemente vista como um indicador do plano divino ao longo dos tempos. Muitos teólogos e estudiosos bíblicos consideram Israel como o "relógio escatológico" de Deus, uma metáfora que sugere que os eventos relacionados a Israel são marcadores de tempos e estações no plano profético de Deus.
A restauração moderna do Estado de Israel em 1948 é frequentemente citada como um cumprimento de profecias bíblicas, especialmente aquelas encontradas nos livros dos Profetas (por exemplo, Ezequiel 36-37). A existência contínua de Israel e os eventos históricos significativos envolvendo a nação são vistos por muitos como sinais do progresso do plano escatológico de Deus.
A Salvação Futura de Israel em Romanos 11
O capítulo 11 de Romanos oferece uma visão detalhada do futuro de Israel no plano de Deus. Paulo, ao escrever aos Romanos, aborda a questão da incredulidade de Israel e assegura que Deus não rejeitou seu povo. Romanos 11:1-2 diz: "Pergunto, pois: Acaso Deus rejeitou o seu povo? De modo nenhum! Eu também sou israelita, descendente de Abraão, da tribo de Benjamim. Deus não rejeitou o seu povo, que de antemão conheceu."
Paulo prossegue explicando que, embora a maioria dos judeus tenha rejeitado Jesus como o Messias, essa rejeição não é definitiva. Ele usa a metáfora da oliveira para ilustrar a relação entre Israel e os gentios. Os ramos naturais (Israel) foram cortados devido à incredulidade, e os ramos de oliveira brava (gentios) foram enxertados. No entanto, Paulo adverte os gentios a não se orgulharem, pois Deus é capaz de enxertar novamente os ramos naturais se eles não permanecerem na incredulidade.
A promessa da salvação futura de Israel é explicitada em Romanos 11:25-26: "Não quero, irmãos, que ignoreis este mistério, para que não sejais presumidos: Israel experimentou um endurecimento em parte, até que chegue a plenitude dos gentios. E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: 'Virá de Sião o Libertador, que desviará de Jacó a impiedade."
É crucial notar que Paulo enfatiza que a salvação de Israel não será por mérito próprio, mas pela fé em Jesus como o Messias. Israel, como nação, reconhecerá Jesus como o Cristo prometido, e será restaurado e salvo. Assim, Israel se unirá ao corpo de Cristo, a Igreja, composta por todos os que creem em Jesus, tanto judeus quanto gentios, se cumprindo então a profecia veterotestamentaria de Zacarias 12:10-12, acerca da restauração futura de Israel.
Considerações finais
Israel desempenha um papel indispensável no plano de redenção de Deus. A história, as promessas e as profecias associadas a esta nação são fundamentais para compreender a narrativa bíblica da salvação. Além disso, a nação de Israel serve como um indicador profético, marcando os tempos e estações no plano escatológico de Deus. Conforme o apóstolo Paulo escreve em Romanos 11, a rejeição temporária de Israel será seguida por uma futura restauração e salvação através da fé em Jesus como o Messias. Esta redenção reafirma a fidelidade de Deus às Suas promessas e destaca o papel central de Israel na redenção de toda a humanidade, unindo-os à Igreja como um todo.
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Referências
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Diogo J. Soares