The New Testament and Criticism de George Eldon Ladd, Um Resenha Analítica da Obra




O livro The New Testament and Criticism (em português: O Novo Testamento e a Crítica) de George Eldon Ladd, publicado em 1967, se destaca como uma das obras fundamentais para o estudo da crítica bíblica no século XX. Dr. Ladd, um teólogo e acadêmico de renome no campo da teologia evangélica, dedica-se a fornecer uma visão abrangente sobre os métodos críticos empregados no estudo do Novo Testamento, ao mesmo tempo em que apresenta uma defesa da validade das Escrituras em sua dimensão teológica e histórica. Ao longo dos capítulos, Dr. Ladd busca equilibrar a fé cristã com uma análise acadêmica rigorosa, abordando diversas questões críticas que surgem no estudo do texto bíblico. Nesta resenha analítica buscaremos analisar detalhadamente cada capítulo da obra, avaliando as propostas do autor e o impacto de sua contribuição para os estudos bíblicos contemporâneos.




Capítulo 1: A Natureza da Crítica

No primeiro capítulo, Dr. Ladd introduz o conceito de crítica, destacando sua relevância para o estudo do Novo Testamento. Ele faz a distinção entre a crítica textual e a crítica histórica, enfatizando que a primeira se preocupa com a recuperação do texto original dos manuscritos, enquanto a segunda busca compreender o contexto histórico em que os textos foram escritos. Ladd reconhece a importância da crítica, mas adverte sobre os perigos do ceticismo excessivo, que pode minar a autoridade das Escrituras. Para ele, a crítica é uma ferramenta útil, desde que utilizada de maneira responsável e equilibrada.

Capítulo 2: A Crítica Textual

Neste capítulo, o autor explora a crítica textual, que tem como objetivo reconstruir o texto original do Novo Testamento a partir dos diversos manuscritos disponíveis. O autor discute as variações textuais e os métodos empregados para determinar quais leituras são mais prováveis de serem as autênticas. Ele destaca a importância de entender as limitações dos manuscritos existentes e de usar critérios rigorosos para avaliar as diferentes tradições textuais. Ladd argumenta que, embora existam variações significativas, a integridade essencial do texto do Novo Testamento permanece intacta.

Capítulo 3: A Crítica Histórica

O autor, em seu terceiro capítulo, se volta para a crítica histórica, discutindo o método que busca situar o Novo Testamento dentro de seu contexto cultural, social e histórico. O autor analisa a forma como os estudiosos críticos abordam as fontes bíblicas, tentando separar os elementos "míticos ou lendários" dos fatos históricos. Ele examina o debate sobre a autenticidade histórica dos Evangelhos e dos Atos dos Apóstolos, ressaltando que a crítica histórica pode ser benéfica, desde que não se comprometa a autoridade e a inspiração das Escrituras.

Capítulo 4: A Crítica das Fontes

A crítica das fontes é outro aspecto crucial do estudo do Novo Testamento abordado por Ladd. Neste capítulo, o autor explora como os estudiosos tentam identificar as fontes literárias usadas pelos autores dos Evangelhos. A teoria das duas fontes, que sugere que o Evangelho de Marcos e uma fonte perdida, chamada Q, foram usados pelos autores de Mateus e Lucas, é discutida em detalhes. Dr. Ladd avalia essas teorias com cautela, reconhecendo sua utilidade, mas também questionando algumas de suas suposições mais radicais.

Capítulo 5: A Crítica da Forma

O quinto capítulo é dedicado à crítica da forma, uma metodologia que busca entender como as tradições orais e os pequenos relatos isolados (formas literárias) foram compilados para formar os Evangelhos. O autor examina a maneira como essas tradições foram transmitidas e moldadas antes de serem escritas, e discute as implicações teológicas dessa perspectiva. Ele oferece uma análise equilibrada, reconhecendo a contribuição da crítica da forma para a compreensão do processo de formação dos Evangelhos, mas advertindo contra as conclusões excessivamente especulativas.

Capítulo 6: A Crítica da Redação

Aqui, Professor Ladd explora a crítica da redação, que se preocupa com o papel ativo dos evangelistas na edição e organização do material que receberam. O autor analisa como os evangelistas, especialmente Mateus e Lucas, moldaram seus relatos para atender às suas próprias perspectivas teológicas e às necessidades de suas comunidades. Professor Ladd argumenta que, embora seja evidente que os autores dos Evangelhos tenham editado e organizado o material, isso não diminui sua inspiração ou autoridade, uma vez que o objetivo final dos textos era transmitir a verdade teológica de Cristo.

Capítulo 7: A Crítica Literária Moderna

No sétimo capítulo, o autor examina as abordagens mais recentes da crítica literária, que olham para o texto bíblico como um produto literário com suas próprias convenções e estruturas internas. Ele discute como essas abordagens podem fornecer novas perspectivas sobre os Evangelhos, ajudando os estudiosos a ver o texto como uma obra coesa, com intenções literárias próprias. No entanto, Dr. Ladd também ressalta que essas abordagens não devem substituir a compreensão teológica do texto, que é fundamental para a fé cristã.

Capítulo 8: O Valor da Crítica para a Teologia Cristã

Dr. Ladd conclui sua obra discutindo o valor da crítica bíblica para a teologia cristã. Ele argumenta que, quando usada de maneira responsável, a crítica pode enriquecer a compreensão das Escrituras, ajudando os estudiosos a aproximar-se do texto original e de seu contexto histórico. No entanto, ele adverte contra a adoção de uma abordagem excessivamente crítica ou cética, que poderia comprometer a integridade teológica do Novo Testamento. Para o autor, a crítica deve ser um meio de aprofundar a fé, não de enfraquecê-la.

Conclusão: A Contribuição de George Eldon Ladd para os Estudos Bíblicos 

The New Testament and Criticism de George Eldon Ladd representa uma contribuição significativa para os estudos bíblicos. Professor Ladd consegue equilibrar a fé cristã com o rigor acadêmico, defendendo a validade da crítica bíblica como uma ferramenta valiosa para entender melhor o texto sagrado. Ao longo dos capítulos, Dr. Ladd oferece uma visão abrangente dos métodos críticos mais importantes, ao mesmo tempo em que ressalta a necessidade de manter um compromisso com a teologia e a inspiração das Escrituras.

A obra é especialmente valiosa para estudantes e acadêmicos interessados em explorar a crítica bíblica sem abrir mão da fé. Ao fornecer uma análise detalhada das várias abordagens críticas, Ladd não apenas facilita o entendimento das questões envolvidas, mas também oferece uma base sólida para uma fé informada e intelectualmente robusta. Sua contribuição para os estudos do Novo Testamento continua a ser relevante, especialmente em um momento em que a crítica bíblica se encontra em constante evolução.

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Referências

LADD, George Eldon. The New Testament and Criticism. Grand Rapids: Eerdmans, 1967.

Diogo J. Soares


Obs: Não há ainda tradução desta obra para o português.


DIOGO J. SOARES

Doutor (Ph.D.) em Novo Testamento pelo Seminário Bíblico de São Paulo/SP (FETSB); Mestre (M.A.) em Teologia e Estudos Bíblicos pela Faculdade Teológica Integrada e graduado (Th.B.) pelo Seminário Unido do Rio de Janeiro. Possuí Especialização em Ciências Bíblicas e Interpretação pelo Seminário Teológico Filadelfia/PR (SETEFI). Bacharel (B.A.) em História Antiga, Social e Comparada pela Universidade de Uberaba (UNIUBE/MG). É teólogo, biblista, historiador e apologista cristão.

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